Portugal continental é delimitado a norte e a este pelo território espanhol, sendo esta uma das mais antigas fronteiras da Europa.

A região fronteiriça, vulgarmente denominada “raia”, e a sua história estão associadas à reconquista na parte ocidental da Península Ibérica, e tem origem em acontecimentos determinantes como o Tratado de Zamora, de 1143, que assinala o nascimento de Portugal como reino independente, e o Tratado de Alcanizes, de 1297, que estabelece, no essencial, as fronteiras do nosso país.

A necessidade de assegurar a defesa e vigilância na região fronteiriça materializou-se num vasto conjunto de fortificações que são hoje testemunho de séculos de história e exemplares únicos de arquitetura militar do passado.

São, nesse sentido, um património único das regiões raianas, parte integrante da sua identidade, da sua cultura e paisagem, constituindo um recurso endógeno que deve ser valorizado a favor do desenvolvimento das respetivas regiões e do turismo, contribuindo para o desenvolvimento do interior e para a coesão económica e social do país.

O Programa de Valorização das Fortalezas de Fronteira visa transformar estes espaços únicos de história e cultura em locais dinâmicos de visita e conhecimento do país, em toda a linha de fronteira com Espanha.

O projeto abrange 62 fortificações e é coordenado pelo Turismo de Portugal, em parceria com os municípios onde se localizam as fortalezas, as ERT – Entidades Regionais de Turismo, as ARPT – Agências Regionais de Promoção Turística, a Direção Geral do Património Cultural, a Direção Geral dos Recursos da Defesa Nacional e a Direção Geral do Tesouro e das Finanças.

O ponto de partida foram as fortalezas de fronteira, de Castro Marim a Caminha, desenhadas e representadas por Duarte de Armas, escudeiro do rei D. Manuel I. Neste magnífico trabalho desenvolvido, posteriormente designado por Livro das Fortalezas, Duarte de Armas contemplou também representações de fortificações vizinhas, com as quais a fortaleza desenhada poderia articular em sistemas defensivos ou ofensivos, como ocorre com as fortificações de Beja, Veiros, Alegrete, Idanha-a-Velha, Guarda e Algoso, tendo o escudeiro também acautelado no índice que compôs páginas específicas para desenhar outras fortalezas, como Portalegre e Marvão, razão pela qual todas elas são abrangidas pelo Programa. Lugares únicos de História e Cultura, as Fortalezas de Fronteira contam também elas as estórias das comunidades e territórios raianos.

Outrora espaços de defesa, são hoje Porta de Entrada para o conhecimento, fruição e diálogo transfronteiriço!

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